Dias melhores!


Ela acordou.
O dia estava frio como ela gostava, mas apesar disso, não tinha a menor vontade de sair debaixo das suas três cobertas. Nunca selecionou tantas vezes a função “soneca” no despertador. Enfim, teve que se levantar da cama, com sua camisola de flanela de mangas compridas e bichinhos coloridos. Achar toalhas secas foi quase missão impossível! Assim que conseguiu foi pro banho. Disse mais tarde que o melhor momento do seu dia foi aquele banho quente. Depois, a luta! Cabelos rebelados, frio demais para colocar aquela blusa, calor demais para aquele casaco, o pão do dia anteriorpro café. Trágico e cômico! Aliás, muito mais cômico do que trágico. Acabou saindo com a blusa mais complicada que tinha e aquele jeans velho, rasgado, que te faz sentir bem só pelas lembranças que traz. Precisava se sentir pelo menos um pouco confortável para encarar aquele dia que prometia ser muito longo.
No caminho encontrou uma amiga e juntas refletiram sobre a infantilidade masculina. Decepção logo no começo do dia! “Mas força, vamos lá” pensou ela, tentando acreditar que aquele seria o melhor dia da sua vida. Trem lotado. Metrô lotado. Elevador lotado. Caixa de e-mail lotada. E a paciência foi pelos ares! Tudo bem, já tem a fama de mal humorada, nada que abale suas estruturas.
Resolveu programar alguma coisa legal com suas amigas, na esperança de que o tempo corresse ao seu favor. Ela devia ter pensado, antes de tomar uma atitude, que as compras pela internet só trazem dor de cabeça. O horário de almoço foi quase inteiro tentando resolver a numeração das poltronas pro espetáculo do fim de semana. No final, ela descobriu que a numeração era apenas o controle da quantidade de convites vendidos. Existe sanidade que resista?
Escreveu um texto. No andar de baixo, a revisão ortográfica do simpático amigo de sorriso amarelo. Na descida, uma queda em câmera lenta na escada, que apesar de sempre vazia, estava cheia de gente naquele momento. Riu pra não explodir. Os outros riram também.
Pensou em ligar para aquele cara, àquele que faz o coração disparar. Mas concluiu que talvez essa não fosse a melhor opção pra tornar um pouco mais divertido aquele dia chato de inverno. E pra completar, tinha a tão querida faculdade, onde aquele tão querido professor a esperava para a orientação do tão esperado trabalho de conclusão de curso. Etapa final para a liberdade! Não sabia que seria tão difícil assim. Tudo bem, a noite sempre é mais escura pouco antes do amanhecer.
Voltou pra casa depois de um dia turbulento. Foi grossa sem querer com algumas pessoas. Com outras, por pura vontade mesmo!
Ao chegar em casa, colocou sua camisola de flanela de mangas compridas e bichinhos coloridos, tomou um chocolate quente e voltou para debaixo das suas três cobertas. Encostou sua cabeça no travesseiro e pensou que, na verdade, o que importa mesmo é não perder a esperança de que o dia seguinte será bem melhor. No fim das contas, percebeu que é bom que alguns dias sejam mesmo assim para que outros tenham valor. E olha que ela gostava mesmo era dos dias de inverno!

Dias melhores, pra sempre!

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